
Introduzir a mesada para os filhos pode ser uma das melhores formas de educá-los financeiramente. Além de ser o primeiro contato direto com o dinheiro, a mesada permite que as crianças aprendam lições valiosas sobre prioridades, escolhas e consequências. Não é apenas uma questão de entregar valores fixos semanalmente ou mensalmente, mas de ensinar como administrá-los com responsabilidade.
Iniciando a Educação Financeira Ainda na Infância
Antes de a criança ter idade suficiente para entender conceitos matemáticos básicos, os pais podem usar ferramentas simples e interativas para introduzir o tema. Brincadeiras como mercadinhos, cofrinhos e álbuns de figurinhas ajudam a criança a compreender, de forma prática, a dinâmica do dinheiro e sua importância no dia a dia.
Outra estratégia eficiente é incluir os pequenos em decisões familiares simples. Por exemplo, ao ir ao mercado, explique por que estão comprando um produto e não outro, ou porque é melhor esperar por uma promoção para adquirir algo desejado. Essas conversas ensinam sobre limites e prioridades de forma natural, sem pressão.
A Mesada na Infância: Primeiros Passos
Quando a criança já domina o básico da matemática e começa a entender o conceito de números, chega o momento ideal para introduzir a mesada. Para começar, a semanada (valor entregue semanalmente) é uma excelente opção, já que crianças nessa idade ainda têm dificuldade de planejar a longo prazo.
Uma sugestão prática é dar um valor proporcional à idade: R$ 1,00 por semana multiplicado pela idade da criança. Assim, uma criança de 7 anos receberia R$ 7,00 por semana. Essa quantia pode ser ajustada conforme as necessidades e o padrão de consumo da família, mas o importante é incentivar o planejamento.
Por exemplo, se a criança deseja um brinquedo que custa R$ 30,00, ela deve ser incentivada a poupar parte da semanada para atingir o objetivo. Esse processo, mesmo simples, ajuda a desenvolver paciência, organização e disciplina financeira.
A Mesada na Adolescência: Um Passo Rumo à Autonomia
A adolescência é a fase em que os jovens passam a ter desejos e necessidades mais complexos. Nessa etapa, a mesada pode ser mensal, já que eles têm maior capacidade de planejamento. Recomenda-se ajustar o valor para cerca de R$ 3,00 por semana multiplicado pela idade, mas, novamente, é fundamental que o valor seja condizente com a realidade financeira da família.
Além de administrar a mesada para gastos cotidianos, é interessante introduzir conceitos como poupança e investimento. Uma ideia prática é simular investimentos com parte do dinheiro da mesada, mostrando como ele pode crescer ao longo do tempo. Isso ajuda a desenvolver o pensamento financeiro de longo prazo, essencial para a vida adulta.
Quanto Dar de Mesada?
Não existe uma fórmula única para determinar o valor da mesada. O mais importante é que o valor seja compatível com o orçamento familiar e reflita o padrão de vida da casa. Essa transparência ajuda os filhos a compreenderem as limitações financeiras e evitarem frustrações irreais.
Na prática, é interessante alinhar as expectativas do jovem com os gastos que ele terá, como passeios, alimentação na escola ou compras pessoais. Esse diálogo deve reforçar que a mesada é uma oportunidade de aprendizado e não uma garantia ilimitada de dinheiro.
Ensine Sonhos, Não Dívidas
Por fim, lembre-se: o objetivo da mesada não é apenas ensinar matemática, mas formar adultos financeiramente responsáveis. O dinheiro deve ser visto como um meio para alcançar objetivos e realizar sonhos, e não como um fim em si mesmo. Ensine seus filhos a planejarem, a pouparem e a sonharem de forma sustentável. Afinal, educar financeiramente é um presente que eles levarão para a vida toda.

Lucas Gervásio
Educador Financeiro
Instagram: @lucas.ag
E-mail: lucasag.enq@gmail.com
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